Se existe um ritual que exige paciência é ver as centenas de fotos que a sua amiga tirou em sua última viagem. Mas com muita criatividade, três amigas com profissões distintas, Anna Silveira, Mariana Yonamine e Natalie Demoliner, respectivamente fotógrafa, webdesigner e psicóloga, conseguiram manter ativo o espírito de dividir experiências. Mais do que isso, elas conseguiram transformar o tal encontro, em muitos casos entendiante, no nada chato Vasto Mundo. Indicado ao prêmio Top Blog 2011, o blog é uma compilação de textos, fotos e dicas das andanças do grupo pelo mundo. A ideia surgiu quando as meninas se conheceram na Austrália e fizeram sua primeira viagem juntas ao serem convidadas para um casamento no Nepal. Animadas e curiosas, rumaram para o continente asiático com planos de conhecer não só um, mas cinco países: Tailândia, Camboja e Indonésia foram alguns dos lugares escolhidos. Com saudade, vontade de dividir informações e reviver momentos, o blog foi uma maneira de manter o espírito da aventura vivo.
Melhor parte das viagens Experimentar e aprender são o que realmente contam para as mochileiras. "No meio de uma experiência, nos demos conta de que estamos vivendo um momento extraordinário que vai mudar a forma de vermos as coisas. Ser convidada em um casamento nepalês, ser recebida pela família e amigos dos noivos, foi transformador por diversos motivos, mas principalmente por ser uma situação em que nunca imaginamos estar. Presenciar como os nepaleses vivem a religião, gerou uma perspectiva diferente das nossas reais necessidades e ritmos de vida", afirma Anna.
"Viver o presente" é outro aspecto que encanta as meninas. "Alguns momentos trazem a nossa atenção completamente para o presente. Podem ser situações boas ou ruins, mas gostamos da sensação de estar completamente conectadas ao que está acontecendo. A Full Moon Party na Tailândia foi um exemplo disso", diz Mariana. A festa é a maior celebração na praia do mundo.
Viajar com amigas Apesar de terem profissões e personalidades diferentes, as blogueiras não acham que este aspecto atrapalha a convivência. Para elas, a diversidade propicia que surjam ideias variadas, que ajudam o grupo todo. "É uma experiência bem enriquecedora. Além de ser muito divertido, cada uma traz uma perspectiva para a viagem. Por exemplo, quando eu tive o insight sobre como usar o squat toilet (uma espécie de buraco no chão ao invés da privada) ou quando Natalie deu a ideia de alugar moto para ir na praia retirada... São coisas que sozinha não pensaríamos, mas que em conjunto funcionaram e foram muito legais”, conta Anna.
Mostrando união, as meninas citaram a única desvantagem da aventura em grupo: a separação e a saudade. "O triste é que depois de vivermos várias situações juntas cada uma voltou para seu estado. O Vasto Mundo com certeza funcionou como um meio de reviver tudo aquilo", conta a fotógrafa.
Divisão de tarefas Durantes as viagens as tarefas são divididas respeitando os gostos e aptidões de cada uma. "Naturalmente cada uma acabou fazendo o que gostava mais ou fazia com mais facilidade: "Eu era a gerente de pechincha! Quase sempre tinha esta função ou só dava uma supervisionada na negociação das meninas. As fotos e gerenciamento das mídias sociais também ficaram comigo por conta do meu incansável radar wireless", ri Anna. "A Natalie era a fotógrafa da balada e também a pessoa que garimpava informações com os locais, perguntando sobre os passeios. Por ser psicóloga, a Natalie também fazia o importantíssimo trabalho de orientação psicológica. A Mariana sempre lembrava o nome dos lugares, monumentos, hotéis e ruas, além de pesquisar na internet e ler relatos de outros blogs sobre os lugares que íamos visitar. Não menos importante, era a mother (mãe da Anna). Ela gerenciava as passagens e eventos complicados à distância", afirma a blogueira.
Para as meninas, ao conhecer tantos lugares interessantes fica difícil dizer qual foi o mais marcante. "Cada país teve seus encantos, mas acho que houve uma unanimidade em relação à Tailândia, principalmente a parte das ilhas ao sul. Também gostaríamos de voltar pra lá para passar mais tempo nas ilhas, nadar nas águas cristalinas e comer pad thai e sticky mango with rice! Não temos vontade de voltar para Kuta, Indonésia, pelo estilo agressivo de comércio de lá - tentam cobrar por um dia o equivalente a 3 noites de hospedagem em um albergue", relembra Anna.
Do virtual para as paredes
A ideia do blog deu origem a outras relativas às experiências vividas pelas garotas. Em um bar em Bangkok , as três concordaram em expor as fotos do passeio. "Conversamos sobre o Brasil, onde seria um recomeço para cada uma de nós, e olhamos para isso como uma oportunidade de realizar mais um projeto pessoal. Existia a chance de expor em um lugar histórico e lindo da cidade de Salvador, e foi isso que aconteceu", conta Natalie. O sucesso da exposição não animou Mariana e Natalie a se envolverem com fotografia. "As meninas, apesar de acharem divertido, falam que a câmera é mais pesada que um bebê gordo", afirma Anna, a única fotógrafa profissional do grupo.
Com planos de conhecer o Brasil mais a fundo e a América do Sul, o espírito de diversão das integrantes do Vasto Mundo transparece na última questão desta entrevista. Perguntadas se, por serem mulheres viajando sozinhas, sofreram ou foram alvo de algum apuro as meninas brincam: "Corações dilacerados contam?"