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Bate-papo com Pedro Martinelli

Esse é um trechinho de uma das inúmeras e looongas conversas regadas à desbundes gastronômicos, risadas e uma enchurrada de conhecimento com Pedro Martinelli



1. Você entrou na fotografia através do fotojornalismo. Lembra-se qual foi sua primeira pauta?

Não existiu a primeira pauta formal. O começo era composto de pequenas participações. Mas me lembro da primeira oportunidade que tive no Jornal A Gazeta Esportiva. Eu era office boy do laboratório fotográfico e um domingo o fotógrafo que estava escalado para o jogo principal do Pacaembu ficou doente. O chefe remanejou a escala e me mandou para as cidades de Rio Claro e São Carlos fotografar 15 minutos de jogo da Segunda Divisão em cada cidade. Minha missão era trazer uma foto em foco de cada jogo.


2. Como era morar no COPAN? Como foi o episódio do incêndio no centro em que você fez aquela foto de pessoas se atirando pela janela?

Além do Copan morei em diversos outros endereços do centro da cidade. Imagina, com vinte e poucos anos de idade morando no Copan a vida era a fotografia, tudo muito intenso. Além disso eu andava com um maço de passagens aéreas no bolso e estava sempre pronto para partir para qualquer lugar do Brasil. Fotografia, o jornalismo era um prazer enorme. No dia do incêndio o mensageiro do jornal bateu no meu apartamento e avisou que tinha um prédio pegando fogo em São Paulo. Eu morava no 32º andar do Bloco D, abri a janela e vi uma enorme coluna de fumaça preta. Coloquei a calça, peguei a câmera e sai correndo com a camisa na mão. A foto da silhueta do homem no ar eu fiz enquanto corria, não lembro de ter colocado a camera na cara.


3. Você chegou a fazer fotografia de moda. Acha que isso influenciou seu trabalho pessoal na Amazônia?

Fiz moda no período em que estive no Estúdio Abril e sem dúvida passei a ter um olhar mais apurado.


4. O que te motivou a largar um emprego fixo e ir morar em um barco na Amazônia?

Depois de 28 anos de jornalismo de carteira assinada fiz um balanço da trajetória e cheguei a conclusão que era hora de ir para o mercado e ter liberdade para tocar os projetos pessoais. A motivação foi a vontade de começar uma nova rodada de desafios, deixar o emprego fixo e passar a concorrer no mercado, principalmente o publicitário que sob contrato eu tinha restrições. Além disto eu planejei dez anos antes de sair do Estúdio Abril um projeto de documentação na Amazônia que culminou com o livro Amazônia O Povo da Águas. Mas, o sonho mesmo, o primeiro impulso, o que mes fez pedir demissão foi a vontade de rever os índios Kranhacârore que em 1995 ainda estavam morando no Parque Nacional do Xingu. Reencontrei os índios que estavam no primeiro contato e o índio Sokrit que foi o primeiro a ser fotografado e que saiu na primeira página do jornal O Globo 25 anos depois do contato. Esta é uma história emblemática que eu vou carregar por toda minha vida.



5. Qual foi seu primeiro contato com a fotografia (equipamento/ laboratório)

O primeiro contato com a fotografia foi na sucursal do jornal A Gazeta Esportiva em Santo André que fazia um suplemento para o ABC. A sucursal tinha um fotografo, o Chico, que me mostrou a primeira imagem fotográfica sendo revelada e aprendi a fotografar com câmeras Rolleiflex.


6. É sabido que você é um excelente chefe de cozinha. Como e quando começou essa paixão pela culinária? Já fez ou pensou em fazer algum projeto fotográfico gastronômico?

Venho de família grande de descendentes de italianos, Somos em oito irmãos e minha mãe sempre estimulou todos desde pequenos a ajuda-la nas tarefas da cozinha. É costume comer ravioli na minha casa nas festas de final de ano. Na minha casa minha mãe fazia uma linha de produção para que todos participassem da feitura dos raviolis. A minha fotografia começou ai. O meu pai era açougueiro e caçava. Com oito anos eu já andava com ele que também gostava de fazer o macuco que caçava com arroz e palmito na Serra do Mar. O gosto pelo mato, a Amazônia, meus livros , enfim a fotografia que eu gosto, hoje, eu não tenho dúvida que vieram deste convívio.


7. Qual é a proposta do seu blog?

O blog é o meu jornal, a minha revista. Eu preciso de um pedaço de papel para estampar. Esta certo que este veículo não se pega com a mão e não tem cheiro mas a sensação de publicar é a mesma. E a liberdade e independência compensa a falta do papel.


Matéria publicada em 25 de março de 2013.

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